11.12.12

Ora, ora! Me poupe dos seus laços sórdidos de humanidade e de seus lapsos e colapsos de afetividade pseudo-sentimental.

7.12.12

Ao passado de ontem à noite

Vomitando; e
chorando; e
desejando que
o vômito fosse meu; e
as lágrimas fossem tuas.

20.11.12

Antoinette e o cansaço

Sabe, Nette. Acho que eu tô é cansado. Cansei de querer ser voraz, convicto e visceral. Cansei de ser mordaz desse jeito, cansei de mascar chiclete. Cansei de limpar o cu, cansei de querer estar atento à geração e à sociedade. Me vem, às vezes, uma vontade insana de dormir. Acho que, afinal, cansei de ser gente e estou virando bicho - e bicho-do-mato! -. Então, você não me culpe por eu querer te devorar. Pelo menos, a ti não me restam remorsos...

6.11.12

E as feras estão se proliferando por toda a parte enquanto as mais antigas delas, todas entranhadas nas minhas tripas estão morrendo e morrendo e morrendo... E as novas são mordazes, como se a fome se lhes restasse no estômago infinito e como se elas vivessem pra se alimentar das minhas últimas vísceras de vontade. E me enjoa e eu vomito e vomito e vomito até que minha garganta se tranca e não sei mais vômito e não entra mais ar e eu morro e eu morro e eu morro por dentro e por fora. E quando eu morrer - mas só quando o meu último suspiro se desfizer no ar, quando a última gota fel escorrer pelo meu lábio - os vermes do passado, do presente e do futuro virão comer a minha carne - meu último legado - e não deixem que isto aconteça! Eu quero o meu corpo - PELO MENOS ELE - são e salvo dos gases e das putrefações!

15.10.12

Vem! Vem moleque!, vem que hoje a morada é lá fora!

5.10.12

XI. Não deixarás que o vento fume o cigarro;

Eu quero viver o aqui e o agora, porque eu sou fruto de uma geração - escusa? - que pensa insistentemente no presente do momento. Mas eu. Eu também quero um quadradinho do futuro. De poder, enfim, enfim!, acreditar que apenas o corpo é de fato a propriedade, de que a fome é utopia e de que a arte e o amor são de todos e são do espírito e da alma, e não da forma.

24.9.12

Viaduto do Chá. 5 horas da tarde.

Teu corpo não mais a ti pertence. Agora tu é escravo do teu próprio corpo. E tu não sabe mais controlar os impulsos que ele lhe imprime - esta é a tua condição de destino, se determinismo assim a ti te couber. Afaga a angústia, aflora a plenitude e aí teu corpo voltará a ser submisso. Enquanto não o fizeres, teu corpo te manterá, assim, inerte em todos os sentidos, e toda a sua vontade própria continuará anulada.

16.9.12

por aí se foi a noite

Eu cuspi aquele último trago de absinto na cara dele sei lá acho que eu já estava ébrio e eu disse que não não, tá tudo uma merda tudo tem que mudar e que eu queria mudar e que tudo um dia seria diferente e ele estranhou e me disse que eu nunca tinha sentado num caralho como é que eu queria mudar as coisas você é um bebê e você chupa o dedo invés de um pinto como você quer mudar o mundo sendo mimado e bolhudo desse jeito e por aí se foi a noite e eu dizia que não que ele não me conhecia que eu era diferente que eu não era igual aos filhos da puta da 'minha laia' e ele dizia que conhecia o tipo típico moleque que quer mudar o mundo e não sabe nada nadinha do mundo e ele falava falava falava falava e eu não me aguentei de tesão de beijei aquela boca de deus grego e coloquei a língua sem dó e depois de cinco segundos ele afastou e disse que ele gostava mesmo mesmo de mulher e eu respondi que eu podia ser mulher por trás e ele me perguntou como que todo esse impulso animal esse desejo incontrolável ia mudar o mundo e eu só soube responder que essa era a minha angústia mais profunda de não ser igual a todos os outros e de não cair na merda do conservadorismo mas que eu não era nada daquilo e que aquilo era de fato o meu desejo de ser e que eu tinha fé de um dia chegar na plenitude de tudo isso. E, de repente, amanheceu.

12.9.12

Tu me beija o corpo, me toca a vergonha, acarinha o pescoço costura-me o seio... Me umedece nos olhos até que eles se quedem de inchados vermelhos vermelhos vermelhos E tu chama pra dançar, nem que seja a última será sempre a primeira será sempre a primeira será sempre a primeira Depois - mas só depois Tu te vais que não sei guardar vapor.

19.8.12

Você estará fadado a viver com a ausência.

10.8.12

É complicado filtrar as certezas das purezas enquanto as patologias não forem, de fato, patologias e as utopias forem, de fato, utopias. Vejo esse menino feio e grotesco e oferecem a ele uma bituca de um cigarro acesa como se dissessem esta é a sua dor, fume-a; a tua dor é agora mérito de consumo e não mais sequer uma simples poesia banal e o menino arranca o cigarro e leva-o à boca desesperado e ansioso, puxa a fumaça e - ele não sabe tragar...! - agoniza num lacrimejante ataque de asfixia até que arranha a garganta por clemência e esta mesma clemência ergue sobre o menino um problema lógico matemático que logo ele abraça e tenta resolver um problema que não tem solução e o menino chora um choro fino e agudo de criança birrenta que quer porque quer a solução do problema. Até que a morbidez lhe diz assim: "Este copo contém fel. Este fel é a vivência além da sobrevivência e ele é a tua solução." e o menino bebe o fel num gole e vê o teu espírito exaurir-se a tua alma vomitar-se e o teu corpo moribundo cair na (por) Terra.

7.8.12

(do pensamento que nem eu consegui entender)

De que a Utopia é o ceticismo disfarçado do contrário, eu já entendi, mas é só que eu não consigo compreender a Fé na tua plenitude mais sublime e, afinal, de que é feito o credo senão de ufanismo? Este mesmo credo que é a epifania da treva é também a morte completa e lenta da alma. Credo, ai, o credo é o aconchego do espírito e o alívio das vítimas que não seriam vítimas se não quisessem... A premissa, pois, é verdadeira, o conforto ataca cada micromolécula da alma e digere os espíritos bons em lentidões das mais lentas - e aí resta pouco, muito pouco...

1.8.12

Tu me arrancaste os olhos e as vontades - apenas para esfregar na cara dos teus inimigos que, sim!, tu es amado pelos mais parvos seres! E, pois atitude tão repugnante - expor-lhes um bibelô hediondo - como ainda eu posso não esquecer do teu abraço e do cheiro dos teus casacos tão claramente? . "E acontece que eu ainda sou babaca, pateta e ridículo o suficiente para estar procurando O verdadeiro amor." Dama da noite, Caio F Abreu

30.7.12

Eu abdico ou Tudo aquilo que me conforta

Eu abdico dos meus pecados e das minhas dores. Eu abdico dos meus valores e das minhas certezas. Eu abdico de ti. E do meu naná dos meus três anos.

27.7.12

Eu continuo amando a razão e a certeza nas tuas formas mais humanas possíveis

Eu sonhei que eu ouvia o teu peito - tão claro que podia contar a pulsação do teu corpo moço, de cabelo macio e de pau frouxo. E o teu peito inchava-se das racionalidades mais escusas e mais repletas de teorias, provas e certezas até que explodiu - e deixou cair por terra todos os teus valores, rótulos e títulos e todas as tuas ideologias, faixas e bandanas. E que sobrou apenas o teu seio respaldado de princípios insólitos e tímidos, vergonhosos e verdadeiros, imorais e sublimes. Mas estes não demoram a cavar cada milímetro do pensamento - o impossível é contrariar a vontade (ou a ti mesmo!...). Só que não há estrada entre a verdade e o subconsciente - eu continuo amando a razão e a certeza nas tuas formas mais humanas possíveis. - Seremos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos (paráfrase do célebre "O Pequeno Príncipe", de Saint-Exupéry).

23.7.12

Dentre fel, amor, e insanidade a paz dos olhos de um único alguém

Você ainda vai foder com o teu corpo, eu dizia, e ele me respondia com ar de quero que todo o mundo vá tomar no cu e me deixe procurar a paz da maneira dita mais escusa e que nem mesmo ao amor foi-lhe possível a serenidade "pois amar deveria me lançar no lago profundo de calmaria e nem mesmo isso esse mundo filho de uma puta me deu então deixa eu fumar quantos cigarros eu achar necessário pra deixar de sentir o meu sangue passar pelo meu coração e eu esquecer que eu amei amei amei amei amei" e que não era a monstruosidade do teu corpo e sim da tua alma que assustavam quase louco e quem nunca na vida devorou com paixão tudo aquilo que lhe foi oferecido "paixão é que é como um pouco de fome" e então ele vomitou dentre fel, amor, e insanidade a paz dos olhos de um único alguém "e que me culpo, às vezes, por ser um só".

7.7.12

Mãe,

Eu sou teu único filho e dizem todas as bocas imundas que eu deveria te proteger - sabemos, pois, que esta premissa é uma inverdade. Protege-me tu como jamais eu poderia e saberia te proteger. Mas sinto que estou mais pra lá do que pra cá, embora eu sinta nos poços da minha alma que eu deveria estar aqui. Não quero deixar a casa vazia e pia entupida de louças e amargura. Não es amarga, com a certeza absoluta de que não es. Tu sofreste como ninguém desde que o nosso pai se foi. Apenas tenho medo, sabe. Tenho medo de te jogar no mundo e deixar-te cair no lago do café sem o açúcar.

6.7.12

Das pétalas

Eu falei pra ti mais de centenas de vezes como que a rosas ficam belas depois do orvalho! Parece até que choram, veja! Esta pétala aqui, do que será que sofreu esta pétala tão vívida? - talvez a perda. Perdeu esta pétala o que mais importava para ela: a abelha que outrora costumava pousar todas as tardes nesta mesma pétala para retirar da flor o saboroso pólen. Criara a pétala vínculos fortíssimos com o tal inseto, quebrados pela curta vida das abelhas. Esta outra aqui sofreu foi de doença! Todas as outras pétalas foram egoíssimas com esta - chupavam para si toda a água e deixavam-na carente de suprimentos. Aí, adoeceu, contraiu a moléstia! E urrou um pranto fortíssimo de dor - e ainda por cima chamavam-na de fraca! Ah...! Esta daqui foi a que mais sofreu de todas - foi amor. Amou uma borboleta que costumava girar em torno do corola todos os dias como jamais amara a outra criatura que ousou aproximar-se da flor. Mas as borboletas, as borboletas todos sabem!, são muito arrogantes - não aceitam mais nada que não seja "mais belo" que as próprias asas. E a pobre pétala fora rejeitada de um amor verdadeiro e insano, que a fez sofrer numa magnitude sem igual. No mais, é um lindo cálice! Não achas?! O sofrimento parece que fortalece, deixa vivo... Acontece com nós, humanos. Sofrer é o nosso poço inesgotável de forças motrizes.

4.7.12

Estas coroas... Chutei todas elas para fora! Não gosto da ideia do ouro nos arredores do meu aconchego: interessa muito àqueles que os olhos brilham.

29.6.12

Acredita: sou puro...

Mas ora, não foi o comício das feras que me ditara a amar. Amo porque é inerente à minha humanidade - e falo aqui, na tua cara, cuspindo nos teus pêlos, que eu te amo pra caralho. E não interprete o amor como uma simples banalidade - uma coisa apenas que as feras me ensinaram é que nenhum tipo de amor é imoral, já que isto te importa. Eu amo puro e amo a pureza. Mas sabe o que eu queria? Queria teu peito: os pêlos do teu peito pressionados no meu e ouvir o teu coração. Sei que ele bate forte e claro, é vigoroso e jovem! Mas sei que achas que, apesar dos apesares, eu que sou a grande fera, porque devoro sem deixar rastros e sentimentos. Só que eu mesmo fui devorado outrora sem ao menos escarrar na boca que me beijava, como posso ser eu fera?! E se fora, ama-me assim! Acredita: sou puro...

27.6.12

La cama, el espejo y el corazón se quedán vacíos...

Vazio feito manga e pipoca comida. Resta o gosto na boca - e esse é o prazer de ter o amor que acabou sempre por perto, como o anjo da guarda. E resta o fiapo no dente, só que esse fiapo é a dor incômoda e dolorida, que é o insuportável de alguém que foi um pedaço do coração outrora.

23.6.12

Ébrio

... e eu só vim aqui te falar merda porque eu achei que você fosse diferente. tipo, a única usando camiseta lisa enquanto todo mundo usava estampada e caótica. e sabe como dizem - a camiseta traduz uma sociedade inteira então chamar a nossa de caótica não é errado. é o caos da putridão, Lorena!, cada qual na própria briga tosca pela próxima carne fresca. cercaram, uma geração inteira cercada - e não venha me convencer de que somos todos livres! livres de escolha, pf, livres de opção, pf, livres de amor, pf, tudo à puta que pariu esse mundo de merda! olha. olha a bosta da minha mão e me diz o que que você acha - pois é! roí todas as minhas unhas em espaços de segundos, Lorena!, - o poder inexorável dos caninos humanos! E eu roí as unhas de amor, mas amor por quem quer mastigar a casca e cuspir fora. Eu senti medo, Lorena! E o medo, ah...!, o medo é a epifania da vontade! Não te faz todo o sentido?! Faz! Faz sim. É bom saber que um puto na terra entende o que eu quero dizer! Mas eu vou continuar amando, Lorena. E vou amar até a quem não ama - o amor é a grande solução que todo filho da puta fodido do mundo quer achar.

21.5.12

A eternidade/Solstício

Um bolo, do disforme ao conforme - farinha, leite, fermento. E café, que o amargo e o terrível tocaram-na saborosamente. Ou uma massa homogênea, sem significado ou significância - ânsia de um refluxo. O vômito. Assim sentia-se Ana, a contradição convicta de mulher forte, e que muralha era a mulher! E era enorme e era incerta e vivia embebida na era de incertezas. E nem a psicanálise, nem o mais sábio dos Merlins pôde, de fato, conhecê-la. Um dia, Joana, seu eu-alma, seu lupus, em noite de lua minguante ascendeu à eternidade e abraçou-se à Lua feito um par. E a noite era fria, era fria e era solstício. Mas para a Ana terrena, a noite foi ainda mais longa - foi eterna! Não havia morrido, tampouco definhava - apenas trocara Joana pelo antidepressivo, mas como, Ah!, como estancar a crise hemorrágica com uma única pílula?! Não era possível e aí, hoje e para sempre - jorra Ana(,) a eternidade.

5.5.12

Noite do resguardo

Não sou assim - na verdade, apenas não sou; moldo-me em virtude das tuas volúpias e dos teus desejos: sei unicamente que quero ser um deles. Não tenho tripas nem entranhas - não tenho vontades nem obrigações. Não tenho coração nem veias - meu amor é teu. Tenho a ti, só a ti, ser ínfimo, infortunado e inferior - incontrolável. Olha! Olha pra mim! Sou teu - todo teu; vê!; fiz tudo isso pra que amasse só a mim, me refiz de acordo com as tuas regras. Vai valer a pena, vai valer a pena... - eu pensava - ...e se não valer a pena e eu tiver me desgastado, assim, à toa? Não importa! Importa que me faz bem tudo aqui que é em teu prol - mesmo que o frio da barriga suba na garganta e me troque da lucidez à insanidade. Pelo menos, saberei que era doença de você. Infecção - que ataca os ossos e a pele. Os ossos, pra te oferecer o cálcio duro do coração. A pele, porque, por ora, o frio é gritante. Mas não pensa que é meu parasita - claro que não! Ao menos, tenho a ti... tenho a ti... a ti...

1.5.12

Estas são as marcas de O VERDADEIRO AMOR, Juliana!

Estas são as marcas de O VERDADEIRO AMOR, Juliana!, esta merda com a qual o ser humano teima em se meter. É tudo ilusão, Juliana, tudo ilusão, afinal, quem é que tem a liberdade de amar? de pensar? de escolher? Ninguém, ninguém tem, deveria dizer. Mas eu não tenho medo de estufar o peito, estufar o peito e dizer que EU SOU FRACO, EU TE AMO. pronto. Sou fraco pois te amo, sou fraco portanto te amo, te amo portanto sou fraco. Franco talvez seria omitir os fatos, mas que eu posso fazer, Juliana, se eu não me permito calar a porra da boca e sentar a porra da bunda? E não me venha com ladainhas me dizer que eu não deveria me cortar desse jeito - é só que eu peguei a navalha e eu era a coisa mais perto que eu encontrei e... Além disso ninguem mais tem culpa de eu ser assim, pra que descontar nos outros? Os outros... Os outros é que se fodam, Juliana, eu to preocupado em salvar o meu cu e encontrar a minha paz! Quando eu conseguir plenitudear o meu amor, aí sim, que eu vou ter paz "e a vida vai ser tranquila, feliz e harmoniosa". E os outros também conseguem, no céu, nos umbrais, no campo energético, seja onde for, cada alma penada tem o seu espacinho de paz e de pendurar os cabides. A bosta, Juliana, é que todo mundo quer ter paz aqui e agora e não estou negando que também não queira - eu quero e quero muito. Mas se chama mesmo paz escolher os amores a dedo, Juliana?! Tipo, não quero preto porque é fedido, não quero gordo porque é feio, não quero homem porque quero mulher, é isso que a gente chama de paz?! [Quero dizer, estou contando apenas aqueles que ainda acreditam que se pode amar, porque se não, vixe...] Eu retiro dos meus padrõezinhos toda a "ralé" e fico com o que? Com muito pouco ou quase nada, só se for, Juliana, não é possível! Mas sabe, eu quero que minha viagem até o céu chegue logo, também. Imagina só como deve ser, Ju, o ser humano ter que deixar de tocar - tudo aquilo que ele aprendeu e construiu a humanidade inteira sendo destruído por um simples acidente de carro! Imagina, Ju, imagina! Imagina como deve ser subir, sublimar, e mandar um belo foda-se pra tudo o que aconteceu! E olhar de cima, Ju, olhar de cima! E ter, conseguir enfim alcançar a paz, imagina como deve ser! E poder sem remorso perdoar a terra, perdoar os pecados, perdoar os homens! Imagina, Ju...! Ju, quero morrer. Quero morrer logo. Mas, antes, quero viver. E quero viver logo!

21.4.12

Primeira parte (I - Do prólogo [Lúcido]) Pois esta caneta não risca mais nos papéis dos meus diários - talvez os papéis as rejeitem; porque de tantos que já arranquei já quase destruo meus pensamentos; é incrível como desestruturar um simples caderno pode ser uma reação em cadeia - sinto que minha vontade tem se degradado cada vez mais e mais do que é possível pr'um simples ser humano conseguir carregar. Afinal, humanos não somos mais e já deixamos de o ser desde que o homem se disse homem e de que o rei se disse rei. Pois conseguiram uma vezinha na vida de vocês amar a outra coisa que não tuas calças feito Byron? E como se nem a Byron o era alcançável?!, então não somos seres e muito menos humanos não amamos e tampouco usamos os instintos - quer dizer, instintos temos mas não aqueles naturais e seletivos, selecionamos quem quisermos que morra. Segunda parte (II - Do miolo [ausente de sanidade]) EU QUERO OUVIR DA BOCA DE VOCÊS! DE VOCÊS MESMOS, DE VOCÊS IMUNDOS E SUJOS E CURRALADOS me diga você meu senhor oh nobre senhor não me leve a mal mas olhe aqui nestes meus olhos mesmos ou no que o senhor poderia julgar como um grande saco de bosta olhe e me diga QUANDO QUE O SENHOR DONO DESTE CU DE CÚPULA PÔDE PENSAR POR SI MESMO E DITAR A TI O QUE QUERIA DE VERDADE ora não me levem a mal apenas quero dizerlhes a verdade ora meus nobres senhores não me levem a mal por favor...

9.4.12

Nu e cru

As tuas cartas de amor eu arranquei do bolso do peito; e os teus abraços eu arranquei das mangas dos braços; e o teu tesão eu arranquei daquilo que restou das calças; e a tua escória eu arranquei dos sapatados apertados.

Cá estou, tal e qual - nu e cru - acumulado dos pecados e extirpado pela imoralidade. Amargo de um amor profundo e errado. Porém sem que tu saibas que hoje estou na frente de ti consumido pela fraqueza - abraço-te, me afogo no teu leito, pois sei que estou frio sem as tuas mangas de carícias aguadas passadas.

Talvez precise de um instantinho de prosa - bater boca. Postar-me em cima dos teus focos oculares, para que me enxergues. E para que possas chegar nos lugares que nem eu jamais fui capaz de alcançar - os meus umbrais mais profundos das mais tenebrosas cavernas da minha alma (minhA Alma...). E entenderes que é impossível viver como eu essencialmente. Incontrolável...

E se eu me perder uma vez mais, não te preocupas. Estarei encascado na carapaça do meu apartamento, cantando e dançando as felicidades irreais - chame-me de louco, daí. Mas não tentes me curar - cansei de engasgar nos remédios humanos.

Mas tenhas a certeza que já amei-te chamaniosamente e arduosamente. Podes esquecer-te de mim. Dos meus filhos. Dos meus roupões. Mas disso não te esqueças - guarda no teu diário, que eu sei que ainda não rasgaste.

"Depois de te perder,
te econtro com certeza.
Talvez num tempo
da delicadeza..." (Chico)

http://www.youtube.com/watch?v=7Ezs2oSkSZw

7.4.12

Pois sede em passe de um momento de inércia
e o momentum logo após a rouquidão de secura e loucura.

E oro a Exu,
Exu meu pai!,
que me livre dos meus internos mais mórbidos e sórdidos.
E peço a Oxosse,
Oxosse meu pai!,
e a Iansã,
Iansã minha mãe!,
que me protejam dos mais fundos umbrais do meu imaginário.
Quisera eu ser guerreira
guerreira que nem minha mãe,
Iansã minha mãe!,
e quisera eu ser forte, forte de peito firme e fosco, pois fodido e fadado...
E estou aqui de joelhos juntos juntando forças pra pedir a vós, meus pais
Proteje meus filhos, mãe Iemanjá,
Iemanjá, minha mãe!,
Proteje meus irmãos, pai Xangô,
Xangô, meu pai!,
E olha meus companheiros, senhor Oxalá,
Oxalá, meu senhor!,

Axé, Axé. Axé a tutti.
Daqui me vou, daqui me vou.

Olha por mim, pai Xangô,
que é difícil de aguentar.
Me desculpa, mãe Iemanjá,
cuida da minha irmã.
E me protege, me protege pai Oxosse
e mãe Iansã.

1.4.12

Da Lua em Vênus

Embaixo daquilo que conhecemos como Lua havia um planeta - Vênus; parecia que era a Lua daquilo que se chama de Lua. Mas não era Lua, era Vênus. O Planeta. E ao contrário do que se pensava não era belo e nem amado. Era gordo e era grotesco - uma Lua daquela que se conhece por Lua horrenda e nojenta. Era-se de envergonhar... Acima dele, a Lua, Lua realmente dita Lua, minguante e convexa, imponente, brilhosa, bonita e arrogante. Tinha uma beleza apaixonante de séculos de brilho eterno. E sabe-se que os atros não são, em nenhum momento, vulgares - Vênus amava a Lua. A Lua da Lua que se chama Lua amava-a - um amor de milhões de anos-luz e cujo controle fugia às crateras de Vênus. Mas é claro que a Lua não amava Vênus - uma Lua que não amava a própria Lua. Para quê? Se a Lua era a mais bela e Vênus era horrível? E Vênus até hoje chora - e aquilo que se diz 'poeira estelar' nada mais é que as lágrimas de um amor mais doloroso que fogo de uma Lua para sua Lua. E assim fosse: a Lua envolvia Vênus. Mas Vênus não envolvia a Lua.

22.3.12

Da mediocridade

É o medo da mediocridade que me assola, Nette. Mas, pois, mesmo assim sou medíocre desde as maiores profundezas de um corpo desgastado até a ultima molecula de um fio de cabelo que espeta pra fora da cabeça. Somos todos medíocres... Medíocres! E como, me diz como, Nette, como, como posso ter medo de ser o que já sou?! Eu tenho medo de mim? De mim, Nette?! De mim?!



Acho que o desespero atracou no cais. E quando ele atraca, o mais impactante dos esforços é o mínimo para expulsá-lo...

11.3.12

POIS NÃO, NÃO SOU LOUCA. Quero que me ame desse jeito. Normal.

Não acredite em nada que estes filhos da puta que aí vem digam a ti sobre mim. Sou do partido de que o bem é o caminho da civilização e não desejo o mal a ninguém. Chamam-me louca, por isso! Tape os ouvidos pra qualquer merda que eles ousarem pronunciar - e poupe-se dos meus gritos, também, eles tendem a surdar.
- Mas que está falando, não te entendo!
Sei que também me amou, isso é inegável! Só não teve coragem de assumir porque pensou que eu fosse louca. POIS NÃO SOU, NÃO SOU LOUCA NÃO IMPORTA NEM O QUE O PAPA DIGA, eu sou normal e quero que me ame desse jeito, assim, normal!
- Mas...
Cale a boca, ouço os passos desses crápulas imundos vindo me buscar! Não deixe que eles me peguem por favor, eu imploro a sua misericórdia!
- Minha misericórdia?!
Abaixe a calça! Abaixe a calça e meta na minha boceta uma unica e ultima vez! É só isso que lhe peço, me agarre pela cintura e me beije, só pra eu poder sentir o gosto doce da tua boca - o que seria do amor profundo que eu senti por ti sem uma dose de vulgaridade? -, é só isso!
- Aí está.
NÃO, NÃO, ME SOLTEM, FILHOS DA PUTA, IMUNDOS! TRAIDORES! É ISSO QUE ESPERAM DE TODO O MUNDO?! SEUS BOSTAS! IMBECIS! DESUMANOS!

8.3.12

Da lucidez (das almas opostas, dos peitos conjugados, da estranha contradição entre o afeto e a loucura) ou Sem título - sem final, por suposto

Mas não tenha a certeza de que é lúcido. Pois a lucidez não diz respeito à normalidade dos homens. E, pois, também, não me procure nesta loucura mais-do-que-clichê, nem que nos atos mais mínimos. Não me sinta o afeto dos gatos e dos cães, muito menos os dos Romeus e Julietas. Faz-me odiar-te como se odeia a um vilão. Faz-me lúcida tanto quanto ti para arrancar-me de raiva os olhos vermelhos de insônia falsa, de sono falso, de sim estou bem falso. Já, porém, não é lúcido e louco o suficiente para que entre nos meus umbrais mais profundos onde resguardo as podridões da mais esburacada alma que encontrei nos entraves das ruas de uma cidade fedida?! Quero que continue achando que sabe me lidar, mesmo sem sabendo. Já disse que repudio-te com toda a minha força de mulher frágil. Frágil porque sei que digo que já te amei, já amei essa lucidez estéril e turbilhosa e esse peito ossudo e oco. E esse olhar afido

19.2.12

Quarta-feira de cinzas

Me lembro dos maços de cigarros fumados uns atras dos outros. E dos tragos de cachaça consumidos em milésimos de segundo. E da maconha puxada sem o intervalo entre um baseado e outro. E dos gramas de cocaína fungados como se o amanhã inexistisse. E da multidão suja levada, em massa, pelo samba frio e incoerente. E das caras, e dos peitos e dos pés grotescos dos homens grotescos. E da avenida imunda e cheirando a gozo de macho-alfa. E do meu cadáver jogado no asfalto - de nariz estourado e pulmão quase inerte. E dos súbitos de esforços pelos quais não consegui, nem por um segundo, manter-me de pé. E da lágrima seca que tentava rolar pelo meu corpo. E do cansaço. E da fadiga. E do medo. E da morte. E, pois, não adiantara de nada seguir o bloco - ainda assim voltei a ser tudo o que me afligia antes, mas com menos tempo de sê-lo.

17.2.12

Dote de puta

Agora, mas só agora, eu queria que voce me comprasse - com dote de puta. E que metesse forte na minha boceta e me fizesse sentir dor, sentir raiva e sangrar de tesão. E que essa corja de cientistas hipócritas queiram me analisar e concluir que é tudo um transtorno de personalidade e qualquer outra bosta que eles inventem pra me fazer engasgar numa única pílula de antidepressivo - FILHOS DA PUTA! Pois não entendem porra nenhuma de mim. Nem de qualquer outro homem na terra. Não sou louca, não sou depressiva. Eu só fui burra e afiada. E, pois, não fui delicada e muito menos frágil: meu ombro é largo, bonitão! Eu te encarei com esse rosto deformado, dei essa cara a tapa, que você não hesitou em espancar. E não te preocupa, garoto. Eu só quero arder pra sentir ódio de você, desse teu pau frouxo e dessa cabecinha pequeno-burguesa fútil e horizontal. Mas não pensa que foi animalesco. Ou intelectual. Ou platônico. Ou qualquer merda dessas. Foi burrice. Amor de covarde. Hipócrita. Amor de hipócrita é o que te consome. E mal sabia eu que gastei o meu alento, minha energia, meu tesão em prol de um putinho que nem falar sabia direito... Pois não se exalte, meu amor, "também vou mastigar um naco da eternidade!"

5.2.12

"Você não é igual ao teu pai"

E eu sei que nada disso tá valendo pra você. Eu sou velho, de outra época, de outra geração, com outras pessoas... Mas são as pessoas que permitem que a gente seja quem a gente é, sem tirar nem por, do jeito que a gente nasceu, que valem a pena. E mesmo com toda a filhadaputagem, com toda a hipocrisia, com toda ganância e com toda a putaria do mundo do negócio... do mundo empresarial, essas pessoas tão aí. São elas pra quem você pode chegar e falar: Puta que pariu, fiz uma cagada homérica!, que elas não vão te repreender. Vão olhar no teu olho e dizer: Então vamo lá, como eu posso te ajudar?. E é por isso que você quer ser feliz, é por isso que você quer fazer teatro. Porque você não tem medo de ser sensível e porque você tá em busca dessas pessoas que te aceitem desse jeito que você é. E teu pai era assim. Mesmo com todas as contra indicações que ele tinha pra não ser, o irmão dele, o pai, a família que ele teve, teu pai não tinha medo de ser do jeito que ele era. Você não é igual ao teu pai. Mas eu te admiro com a magnitude que eu admirava ele.

Eduardo, 05/fev/2012

11.1.12

Coerente... / Gesso é duro. E, mesmo assim, quebra quando cai

Chorando que nem um bebê. Chorando que nem um bebê fodido e abandonado. Assim que vou te encontrar se chegar na tua casa agora, não é? E, olha que irônico, você não passa de um molequinho mimadinho de sei lá quantos muitos anos e que ainda chupa o dedo quando o cu aperta. Você devia se olhar de cima a baixo. E você devia, ao menos, perceber o bosta que você é. Fortes todos temos de ser, sem que nada, repito, NADA importe. E você, ainda sim, com essa sua mentalidadezinha de "quero ser culto" acha que ser forte é endurecer. Já se perguntou por pelo menos um segundo o que é que tu faz quando se sente ameaçado? Você se tranca em si. Egoísmo, puro egoísmo! E ainda acha que se trancar vai adiantar de alguma coisa. Pf. Pra você se trancar é se endurecer. E endurecer é ser forte. Mas pois bem, gesso também é duro, não é? E mesmo assim quebra quando cai no chão. E quantas vezes eu te vi sair ileso e intacto quando "você caiu"? NENHUMA! Repito, pra me ouvir bem: NENHUMA, SEU BOSTA. E agora para e pensa, por pelo menos um segundo, se ser duro e trancado é realmente o seu ideal de força. E quero uma resposta coerente. Coerente. Coerente...