22.3.12

Da mediocridade

É o medo da mediocridade que me assola, Nette. Mas, pois, mesmo assim sou medíocre desde as maiores profundezas de um corpo desgastado até a ultima molecula de um fio de cabelo que espeta pra fora da cabeça. Somos todos medíocres... Medíocres! E como, me diz como, Nette, como, como posso ter medo de ser o que já sou?! Eu tenho medo de mim? De mim, Nette?! De mim?!



Acho que o desespero atracou no cais. E quando ele atraca, o mais impactante dos esforços é o mínimo para expulsá-lo...

11.3.12

POIS NÃO, NÃO SOU LOUCA. Quero que me ame desse jeito. Normal.

Não acredite em nada que estes filhos da puta que aí vem digam a ti sobre mim. Sou do partido de que o bem é o caminho da civilização e não desejo o mal a ninguém. Chamam-me louca, por isso! Tape os ouvidos pra qualquer merda que eles ousarem pronunciar - e poupe-se dos meus gritos, também, eles tendem a surdar.
- Mas que está falando, não te entendo!
Sei que também me amou, isso é inegável! Só não teve coragem de assumir porque pensou que eu fosse louca. POIS NÃO SOU, NÃO SOU LOUCA NÃO IMPORTA NEM O QUE O PAPA DIGA, eu sou normal e quero que me ame desse jeito, assim, normal!
- Mas...
Cale a boca, ouço os passos desses crápulas imundos vindo me buscar! Não deixe que eles me peguem por favor, eu imploro a sua misericórdia!
- Minha misericórdia?!
Abaixe a calça! Abaixe a calça e meta na minha boceta uma unica e ultima vez! É só isso que lhe peço, me agarre pela cintura e me beije, só pra eu poder sentir o gosto doce da tua boca - o que seria do amor profundo que eu senti por ti sem uma dose de vulgaridade? -, é só isso!
- Aí está.
NÃO, NÃO, ME SOLTEM, FILHOS DA PUTA, IMUNDOS! TRAIDORES! É ISSO QUE ESPERAM DE TODO O MUNDO?! SEUS BOSTAS! IMBECIS! DESUMANOS!

8.3.12

Da lucidez (das almas opostas, dos peitos conjugados, da estranha contradição entre o afeto e a loucura) ou Sem título - sem final, por suposto

Mas não tenha a certeza de que é lúcido. Pois a lucidez não diz respeito à normalidade dos homens. E, pois, também, não me procure nesta loucura mais-do-que-clichê, nem que nos atos mais mínimos. Não me sinta o afeto dos gatos e dos cães, muito menos os dos Romeus e Julietas. Faz-me odiar-te como se odeia a um vilão. Faz-me lúcida tanto quanto ti para arrancar-me de raiva os olhos vermelhos de insônia falsa, de sono falso, de sim estou bem falso. Já, porém, não é lúcido e louco o suficiente para que entre nos meus umbrais mais profundos onde resguardo as podridões da mais esburacada alma que encontrei nos entraves das ruas de uma cidade fedida?! Quero que continue achando que sabe me lidar, mesmo sem sabendo. Já disse que repudio-te com toda a minha força de mulher frágil. Frágil porque sei que digo que já te amei, já amei essa lucidez estéril e turbilhosa e esse peito ossudo e oco. E esse olhar afido