21.4.12

Primeira parte (I - Do prólogo [Lúcido]) Pois esta caneta não risca mais nos papéis dos meus diários - talvez os papéis as rejeitem; porque de tantos que já arranquei já quase destruo meus pensamentos; é incrível como desestruturar um simples caderno pode ser uma reação em cadeia - sinto que minha vontade tem se degradado cada vez mais e mais do que é possível pr'um simples ser humano conseguir carregar. Afinal, humanos não somos mais e já deixamos de o ser desde que o homem se disse homem e de que o rei se disse rei. Pois conseguiram uma vezinha na vida de vocês amar a outra coisa que não tuas calças feito Byron? E como se nem a Byron o era alcançável?!, então não somos seres e muito menos humanos não amamos e tampouco usamos os instintos - quer dizer, instintos temos mas não aqueles naturais e seletivos, selecionamos quem quisermos que morra. Segunda parte (II - Do miolo [ausente de sanidade]) EU QUERO OUVIR DA BOCA DE VOCÊS! DE VOCÊS MESMOS, DE VOCÊS IMUNDOS E SUJOS E CURRALADOS me diga você meu senhor oh nobre senhor não me leve a mal mas olhe aqui nestes meus olhos mesmos ou no que o senhor poderia julgar como um grande saco de bosta olhe e me diga QUANDO QUE O SENHOR DONO DESTE CU DE CÚPULA PÔDE PENSAR POR SI MESMO E DITAR A TI O QUE QUERIA DE VERDADE ora não me levem a mal apenas quero dizerlhes a verdade ora meus nobres senhores não me levem a mal por favor...

9.4.12

Nu e cru

As tuas cartas de amor eu arranquei do bolso do peito; e os teus abraços eu arranquei das mangas dos braços; e o teu tesão eu arranquei daquilo que restou das calças; e a tua escória eu arranquei dos sapatados apertados.

Cá estou, tal e qual - nu e cru - acumulado dos pecados e extirpado pela imoralidade. Amargo de um amor profundo e errado. Porém sem que tu saibas que hoje estou na frente de ti consumido pela fraqueza - abraço-te, me afogo no teu leito, pois sei que estou frio sem as tuas mangas de carícias aguadas passadas.

Talvez precise de um instantinho de prosa - bater boca. Postar-me em cima dos teus focos oculares, para que me enxergues. E para que possas chegar nos lugares que nem eu jamais fui capaz de alcançar - os meus umbrais mais profundos das mais tenebrosas cavernas da minha alma (minhA Alma...). E entenderes que é impossível viver como eu essencialmente. Incontrolável...

E se eu me perder uma vez mais, não te preocupas. Estarei encascado na carapaça do meu apartamento, cantando e dançando as felicidades irreais - chame-me de louco, daí. Mas não tentes me curar - cansei de engasgar nos remédios humanos.

Mas tenhas a certeza que já amei-te chamaniosamente e arduosamente. Podes esquecer-te de mim. Dos meus filhos. Dos meus roupões. Mas disso não te esqueças - guarda no teu diário, que eu sei que ainda não rasgaste.

"Depois de te perder,
te econtro com certeza.
Talvez num tempo
da delicadeza..." (Chico)

http://www.youtube.com/watch?v=7Ezs2oSkSZw

7.4.12

Pois sede em passe de um momento de inércia
e o momentum logo após a rouquidão de secura e loucura.

E oro a Exu,
Exu meu pai!,
que me livre dos meus internos mais mórbidos e sórdidos.
E peço a Oxosse,
Oxosse meu pai!,
e a Iansã,
Iansã minha mãe!,
que me protejam dos mais fundos umbrais do meu imaginário.
Quisera eu ser guerreira
guerreira que nem minha mãe,
Iansã minha mãe!,
e quisera eu ser forte, forte de peito firme e fosco, pois fodido e fadado...
E estou aqui de joelhos juntos juntando forças pra pedir a vós, meus pais
Proteje meus filhos, mãe Iemanjá,
Iemanjá, minha mãe!,
Proteje meus irmãos, pai Xangô,
Xangô, meu pai!,
E olha meus companheiros, senhor Oxalá,
Oxalá, meu senhor!,

Axé, Axé. Axé a tutti.
Daqui me vou, daqui me vou.

Olha por mim, pai Xangô,
que é difícil de aguentar.
Me desculpa, mãe Iemanjá,
cuida da minha irmã.
E me protege, me protege pai Oxosse
e mãe Iansã.

1.4.12

Da Lua em Vênus

Embaixo daquilo que conhecemos como Lua havia um planeta - Vênus; parecia que era a Lua daquilo que se chama de Lua. Mas não era Lua, era Vênus. O Planeta. E ao contrário do que se pensava não era belo e nem amado. Era gordo e era grotesco - uma Lua daquela que se conhece por Lua horrenda e nojenta. Era-se de envergonhar... Acima dele, a Lua, Lua realmente dita Lua, minguante e convexa, imponente, brilhosa, bonita e arrogante. Tinha uma beleza apaixonante de séculos de brilho eterno. E sabe-se que os atros não são, em nenhum momento, vulgares - Vênus amava a Lua. A Lua da Lua que se chama Lua amava-a - um amor de milhões de anos-luz e cujo controle fugia às crateras de Vênus. Mas é claro que a Lua não amava Vênus - uma Lua que não amava a própria Lua. Para quê? Se a Lua era a mais bela e Vênus era horrível? E Vênus até hoje chora - e aquilo que se diz 'poeira estelar' nada mais é que as lágrimas de um amor mais doloroso que fogo de uma Lua para sua Lua. E assim fosse: a Lua envolvia Vênus. Mas Vênus não envolvia a Lua.