20.11.12

Antoinette e o cansaço

Sabe, Nette. Acho que eu tô é cansado. Cansei de querer ser voraz, convicto e visceral. Cansei de ser mordaz desse jeito, cansei de mascar chiclete. Cansei de limpar o cu, cansei de querer estar atento à geração e à sociedade. Me vem, às vezes, uma vontade insana de dormir. Acho que, afinal, cansei de ser gente e estou virando bicho - e bicho-do-mato! -. Então, você não me culpe por eu querer te devorar. Pelo menos, a ti não me restam remorsos...

6.11.12

E as feras estão se proliferando por toda a parte enquanto as mais antigas delas, todas entranhadas nas minhas tripas estão morrendo e morrendo e morrendo... E as novas são mordazes, como se a fome se lhes restasse no estômago infinito e como se elas vivessem pra se alimentar das minhas últimas vísceras de vontade. E me enjoa e eu vomito e vomito e vomito até que minha garganta se tranca e não sei mais vômito e não entra mais ar e eu morro e eu morro e eu morro por dentro e por fora. E quando eu morrer - mas só quando o meu último suspiro se desfizer no ar, quando a última gota fel escorrer pelo meu lábio - os vermes do passado, do presente e do futuro virão comer a minha carne - meu último legado - e não deixem que isto aconteça! Eu quero o meu corpo - PELO MENOS ELE - são e salvo dos gases e das putrefações!