28.4.13

Epifania sobre o que é a inércia (talvez não seja esse o mais apropriado)

Acho que o mundo tá me deixando pra trás. Ou sou eu covarde o suficiente pra levar um tapa do universo. Mas a terra tá girando e girando. E parece que toda vez que o trem chega, eu não tenho forças pra pular dentro dele. Ou não existe um espaço ali, do meu tamanho, pra eu me acomodar e viajar tranquilo sereno e em paz. Ou é simplesmente um medo babaca e banal do futuro. Uma ansiedade urgente que não consegue me deixar esperar os próximos trens, que se esvaziam aos poucos. Mas quanto mais tarde, menos trens existem, e mais vazios e solitários ficam os vagões. Só que meus pés não se movem. Ficam estáticos, contrariando uma vontade túrgida dentro de mim...
Eu fiquei encarando a garagem vazia, a porta de casa e o silêncio da madrugada por muito tempo, sem coragem de dar um passo sequer. Nunca trancaram a porta de casa, mas naqueles instantes, justamente naqueles instantes, eu senti medo da porta estar trancada e não conseguir entrar. Na verdade, acho que o medo maior era o de estar sozinho na quietude completa.