7.6.20

Saí de casa tão cedo, atravessei a cidade pra comprar umas poucas sementes de roseira;

voltei de ônibus, tão rápido. Parecia que o motorista tinha esquecido o pé no acelerador.

Quando o ônibus passou na frente do cemitério da lapa, eu coloquei a mão pra fora.

Fui largando semente por semente. Na calçada do cemitério.

Não era homenagem pra ninguém que morreu. Todos que conheço estão enterrados no cemitério da Bela Vista.

Minha roseira era um plano simplesmente ambicioso.

Imagina, eu? Cuidando de rosa?

Talvez alguém encontre minhas rosas fortes e saudáveis na frente do cemitério. Dona Morte, La Llorona, algum Fantasma.

E talvez alguém possa me dizer: olha só, bastou comprar a semente e jogar em qualquer lugar, que uma roseira cresceu. Você tem um dom. Você tem um talento. Você tem dedo verde.

Quem sabe.