7.3.11

Discursos modernos sobre a efemeridade (ou seria enfermidade?) da vida humana terrena

Ostrogod - Aproximai crianças! Vede aqui! Chegai mais perto. Vede! Titio Ostrogod vai vos contar uma coisinha esplêndida! Vamos falar, hoje, sobra a morte, crianças! Sabeis o que é a morte? Morrer significa matar todas as funções emocionais de um ser humano. Todos um dia morreremos, crianças. Papai morrerá, e assim não haverá mais quem cuidará da casa. De certo, vossos irmãozinhos mais velhos teram de sair de casa para poder trabalhar nas minas precárias de carvão e garantir o mínimo de sustento inútil para a família. Mamãe morrerá. Pois, assim, de fato, as irmãs mais velhas terão de abandonar a escola para poder cuidar das funções caseiras desgastantes. Irmãozinho mais velho morrerá e vós tereis de morar na rua por não terem o dinheiro suficiente para garantir o mínimo de sustento. Sem funções certas, irmãzinha mais velha também morrerá e, assim, acontecem sucessivas mortes até que ela chega a vós, crianças. A morte é um causo fadado, temporal e progressivo. Mas, como dizia Wilde, isso tudo é pura especulação metafísica. Nessa hora, Ostrogod cai no chão num convulsionante ataque de risos histéricos. Cessa. Senta-se no chão, de costas Mas... Se Romeu se matou por Julieta, não seria a morte atemporal e completamente ligada às emoções? Agarra-se num facão NÃO! Gritando A morte, pobres e ingênuas crianças, não passa da progressão do desgaste dos sentimentos fisicos e psiquicos. Nada tem a ver com o amor nem com nenhum outro estúpido sentimento ao qual o ser humano possa se preocupar. A morte, crianças, ocorre com se, e somente se, o tempo quiser (E garanto-lhes, ele vai querer!)
Sabes, amor... Acho que nunca falei contigo por aqui. Não, não te assustes por estar o fazendo agora - e só agora -... Vês, acho que te amo. Sou incerto quanto aos meus sentimentos por ti, meu amor. Mas bem crees que é verdade que te quero. Sei que tens certeza de que te quero. Por que, mesmo assim, então me aboninas? Abomina-me mesmo? É, não sei... Nunca ouvi nada de tua boca. Deve ser porque também não te conheço o bastante para poder dizer algo sobre ti. Mas entendas, meu amor, que te quero. Não por amar-te. Mas por querer-te. Não nego que posso amar-te (Sim, Amo-te, amo-te mais que tudo!). Apenas desejo abraçar-te e cubrir-te de ternos beijos e prazeirosas carícias, os quais nunca pude oferecer verdadeiramente a ninguém. Ouça-me, linda. Desejo-te mais que tudo. Podes fazer de mim o homem mais feliz do universo!