28.2.11
23.2.11
Iminência ao término de si
- Tá tudo bem?
- (Não. Eu sou corrosivo. Eu corroí de mim cada centímetro quadrado de matéria orgânica. Consumi da minha alma tudo o que eu podia consumir. Acabei com ela. Dilacerei. Deteriorei. Eu fiz de mim tudo aquilo que eu não queria. Eu quis resolver minha própria vida fugindo dela. Escondi todos os meus segredos de mim mesmo com a esperança de que alguém pudesse me responder onde estavam, porque estavam, como estavam... Guardei tantas vezes as lágrimas que parece que elas todas se reservaram num lugar, prontas para, quando formada a colônia, me amargurar por completo. Eu me desvalorizei, me fiz inferior e quis ser superior por puro orgulho. Me devorei, arranquei a minha pele, me fiz sangrar dentro da falsa paz que criei, mas que, na verdade, nunca tive. Cortei os braços aos poucos até não conseguir alcançar os meus desejos. Soquei minha barriga ao ponto de sentir dores insuportaveis. Arranhei as minhas pernas tanto que já não consigo mais me sustentar. Agora, parece que tudo desaba em cima de mim. Parece que não consigo mais viver os dias felizes. Parece que nada nunca vai se resolver [e esse é o meu maior medo]. Eu estou triste. Eu sou triste. Eu me criei triste...) Sim.
Desculpa. Acho que eu falo demais.
- (Não. Eu sou corrosivo. Eu corroí de mim cada centímetro quadrado de matéria orgânica. Consumi da minha alma tudo o que eu podia consumir. Acabei com ela. Dilacerei. Deteriorei. Eu fiz de mim tudo aquilo que eu não queria. Eu quis resolver minha própria vida fugindo dela. Escondi todos os meus segredos de mim mesmo com a esperança de que alguém pudesse me responder onde estavam, porque estavam, como estavam... Guardei tantas vezes as lágrimas que parece que elas todas se reservaram num lugar, prontas para, quando formada a colônia, me amargurar por completo. Eu me desvalorizei, me fiz inferior e quis ser superior por puro orgulho. Me devorei, arranquei a minha pele, me fiz sangrar dentro da falsa paz que criei, mas que, na verdade, nunca tive. Cortei os braços aos poucos até não conseguir alcançar os meus desejos. Soquei minha barriga ao ponto de sentir dores insuportaveis. Arranhei as minhas pernas tanto que já não consigo mais me sustentar. Agora, parece que tudo desaba em cima de mim. Parece que não consigo mais viver os dias felizes. Parece que nada nunca vai se resolver [e esse é o meu maior medo]. Eu estou triste. Eu sou triste. Eu me criei triste...) Sim.
Desculpa. Acho que eu falo demais.
20.2.11
Terapia
Me larga. Não quero mais abafar o som do meu choro no teu peito. Na tua sala. Eu quero mesmo é gritar. Eu quero dizer publicamente que eu sim estou triste. Que eu sim estou com raiva. Eu não quero sair dessa sala e simplesmente fechar a porta. Eu quero sair daqui, arrebentar a porta, chutar o assoalho, fazer o teto cair e quebrar todas as paredes. (Porque é isso que o palhaço faz.)
- Professora, me diz o que há comigo. Me responde porque ando tão triste... Porque choro todos os dias, porque não consigo ficar em paz! Qual é o problema, afinal? Me responde porque sou tão inseguro, porque na solidão sou triste... Porque na companhia sou triste. Por quê?
- Eu não sei te responder, querido. (Abraçando-me forte)
- Mas professora, a senhora não sabe de tudo?
- Eu não sei te responder, querido. (Abraçando-me forte)
- Mas professora, a senhora não sabe de tudo?
14.2.11
Deixei de ser? Ou Carta sem despedida parecida com um suicidio
Caro Coração,
Eu me dissequei. Expus para mim mesmo todas as minhas feridas. Para os que nao sabem, a alma é a personificação, mesmo que nao personificada, dos machudados de um ser humano. Portanto, expus minha alma. Nao contente com a exposiçao, quis cutucar minhas feridas. Cutuquei a primeira, fazendo-a sangrar. Cutuquei a segunda, fazendo-a sangrar. Cutuquei a terceira, fazendo-a sangrar (...) Enquanto escorria o sangue vermelho (aquele sangue amargo dos que preferem trancafiar os sentimentos dentro de si) na minh'alma, nos meus olhos, escorria um sangue peculiar, transparente - indicio da falta de coagulaçao nos machucados existenciais. Ai eu quis deixar de ser... Quis desistir da vida, pois, mesmo me estudando, nao me entendi. Nao achei a resposta pros meus sentimentos... Nem a casquinha coagulativa necessaria para cobrir meus ferimentos. Nem nenhuma resposta prudente.
Eu me dissequei. Expus para mim mesmo todas as minhas feridas. Para os que nao sabem, a alma é a personificação, mesmo que nao personificada, dos machudados de um ser humano. Portanto, expus minha alma. Nao contente com a exposiçao, quis cutucar minhas feridas. Cutuquei a primeira, fazendo-a sangrar. Cutuquei a segunda, fazendo-a sangrar. Cutuquei a terceira, fazendo-a sangrar (...) Enquanto escorria o sangue vermelho (aquele sangue amargo dos que preferem trancafiar os sentimentos dentro de si) na minh'alma, nos meus olhos, escorria um sangue peculiar, transparente - indicio da falta de coagulaçao nos machucados existenciais. Ai eu quis deixar de ser... Quis desistir da vida, pois, mesmo me estudando, nao me entendi. Nao achei a resposta pros meus sentimentos... Nem a casquinha coagulativa necessaria para cobrir meus ferimentos. Nem nenhuma resposta prudente.
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