23.2.11

Iminência ao término de si

- Tá tudo bem?
- (Não. Eu sou corrosivo. Eu corroí de mim cada centímetro quadrado de matéria orgânica. Consumi da minha alma tudo o que eu podia consumir. Acabei com ela. Dilacerei. Deteriorei. Eu fiz de mim tudo aquilo que eu não queria. Eu quis resolver minha própria vida fugindo dela. Escondi todos os meus segredos de mim mesmo com a esperança de que alguém pudesse me responder onde estavam, porque estavam, como estavam... Guardei tantas vezes as lágrimas que parece que elas todas se reservaram num lugar, prontas para, quando formada a colônia, me amargurar por completo. Eu me desvalorizei, me fiz inferior e quis ser superior por puro orgulho. Me devorei, arranquei a minha pele, me fiz sangrar dentro da falsa paz que criei, mas que, na verdade, nunca tive. Cortei os braços aos poucos até não conseguir alcançar os meus desejos. Soquei minha barriga ao ponto de sentir dores insuportaveis. Arranhei as minhas pernas tanto que já não consigo mais me sustentar. Agora, parece que tudo desaba em cima de mim. Parece que não consigo mais viver os dias felizes. Parece que nada nunca vai se resolver [e esse é o meu maior medo]. Eu estou triste. Eu sou triste. Eu me criei triste...) Sim.

Desculpa. Acho que eu falo demais.

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