16.9.12

por aí se foi a noite

Eu cuspi aquele último trago de absinto na cara dele sei lá acho que eu já estava ébrio e eu disse que não não, tá tudo uma merda tudo tem que mudar e que eu queria mudar e que tudo um dia seria diferente e ele estranhou e me disse que eu nunca tinha sentado num caralho como é que eu queria mudar as coisas você é um bebê e você chupa o dedo invés de um pinto como você quer mudar o mundo sendo mimado e bolhudo desse jeito e por aí se foi a noite e eu dizia que não que ele não me conhecia que eu era diferente que eu não era igual aos filhos da puta da 'minha laia' e ele dizia que conhecia o tipo típico moleque que quer mudar o mundo e não sabe nada nadinha do mundo e ele falava falava falava falava e eu não me aguentei de tesão de beijei aquela boca de deus grego e coloquei a língua sem dó e depois de cinco segundos ele afastou e disse que ele gostava mesmo mesmo de mulher e eu respondi que eu podia ser mulher por trás e ele me perguntou como que todo esse impulso animal esse desejo incontrolável ia mudar o mundo e eu só soube responder que essa era a minha angústia mais profunda de não ser igual a todos os outros e de não cair na merda do conservadorismo mas que eu não era nada daquilo e que aquilo era de fato o meu desejo de ser e que eu tinha fé de um dia chegar na plenitude de tudo isso. E, de repente, amanheceu.

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