Eu não sei se você sabem,
Mas eu passei horas da minha vida preparando a mesa do café da tarde,
Eu assei um bolo - de fubá com goiabada, que é o meu preferido. E o bolo está sempre no meio da mesa, triunfal.
Subi na banqueta pra pegar as louças - essas que tem detalhes em azul e a borda dourada - que ficavam no armário de cima, essas que a gente só tira pra Rainha;
Comprei pão, o suficiente pra nós, fui até à padaria e pedi os mais moreninhos, afinal, ninguém quer comer pão cru. Coloquei os pães numa baixela, coloquei a baixela do lado do bolo;
Comprei presunto, queijo, salame, manteria, geleia de uva, de morango, de laranja, margarina, qualquer coisa que faz o pão descer menos insosso e deixei tudo isso espalhado pela mesa;
Passei o café, comprei daqueles com grãos selecionados, plantados em alguma ocupação de terra, coloquei o café no bule do jogo de louças e deixei o bule do lado do bolo, cruzado com a baixela de pães;
Quando vocês sequer deram notícias, eu desfiz tudo. O bolo, eu joguei fora pros gatos da rua comerem;
As xícaras, eu taquei todas no chão;
Os pães, eu rasguei, um por um, e taquei pras pombas da cidade;
As geleias, o queijo, o presunto, o salame, a manteiga, a margarina, eu joguei na privada;
O café, que ainda estava quente, eu joguei em mim e urrei, me queimei, fiquei cego;
E agora, as medidas do bolo estão contadas de novo. Enquanto ele assa, eu pego o outro jogo de louças, vou na padaria, moo e passo o café;
E volto a esperar que vocês apareçam.
Nunca comentei em nada, mas gostaria de te parabenizar. Seus textos são excelentes. Sinto falta de lê-los
ResponderExcluirOi :) obrigado! hehe o blog anda meio abandonado faz tempo, mas vira e mexe estou por aqui. hehe.
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