23.2.11

Iminência ao término de si

- Tá tudo bem?
- (Não. Eu sou corrosivo. Eu corroí de mim cada centímetro quadrado de matéria orgânica. Consumi da minha alma tudo o que eu podia consumir. Acabei com ela. Dilacerei. Deteriorei. Eu fiz de mim tudo aquilo que eu não queria. Eu quis resolver minha própria vida fugindo dela. Escondi todos os meus segredos de mim mesmo com a esperança de que alguém pudesse me responder onde estavam, porque estavam, como estavam... Guardei tantas vezes as lágrimas que parece que elas todas se reservaram num lugar, prontas para, quando formada a colônia, me amargurar por completo. Eu me desvalorizei, me fiz inferior e quis ser superior por puro orgulho. Me devorei, arranquei a minha pele, me fiz sangrar dentro da falsa paz que criei, mas que, na verdade, nunca tive. Cortei os braços aos poucos até não conseguir alcançar os meus desejos. Soquei minha barriga ao ponto de sentir dores insuportaveis. Arranhei as minhas pernas tanto que já não consigo mais me sustentar. Agora, parece que tudo desaba em cima de mim. Parece que não consigo mais viver os dias felizes. Parece que nada nunca vai se resolver [e esse é o meu maior medo]. Eu estou triste. Eu sou triste. Eu me criei triste...) Sim.

Desculpa. Acho que eu falo demais.

20.2.11

Terapia

Me larga. Não quero mais abafar o som do meu choro no teu peito. Na tua sala. Eu quero mesmo é gritar. Eu quero dizer publicamente que eu sim estou triste. Que eu sim estou com raiva. Eu não quero sair dessa sala e simplesmente fechar a porta. Eu quero sair daqui, arrebentar a porta, chutar o assoalho, fazer o teto cair e quebrar todas as paredes. (Porque é isso que o palhaço faz.)
- Professora, me diz o que há comigo. Me responde porque ando tão triste... Porque choro todos os dias, porque não consigo ficar em paz! Qual é o problema, afinal? Me responde porque sou tão inseguro, porque na solidão sou triste... Porque na companhia sou triste. Por quê?
- Eu não sei te responder, querido. (Abraçando-me forte)
- Mas professora, a senhora não sabe de tudo?

14.2.11

Deixei de ser? Ou Carta sem despedida parecida com um suicidio

Caro Coração,

Eu me dissequei. Expus para mim mesmo todas as minhas feridas. Para os que nao sabem, a alma é a personificação, mesmo que nao personificada, dos machudados de um ser humano. Portanto, expus minha alma. Nao contente com a exposiçao, quis cutucar minhas feridas. Cutuquei a primeira, fazendo-a sangrar. Cutuquei a segunda, fazendo-a sangrar. Cutuquei a terceira, fazendo-a sangrar (...) Enquanto escorria o sangue vermelho (aquele sangue amargo dos que preferem trancafiar os sentimentos dentro de si) na minh'alma, nos meus olhos, escorria um sangue peculiar, transparente - indicio da falta de coagulaçao nos machucados existenciais. Ai eu quis deixar de ser... Quis desistir da vida, pois, mesmo me estudando, nao me entendi. Nao achei a resposta pros meus sentimentos... Nem a casquinha coagulativa necessaria para cobrir meus ferimentos. Nem nenhuma resposta prudente.

6.2.11

A minha alma está seca e apodrecida. Acho que a deixei muito tempo exposta a tantos malefícios que sofreu erosão. E foi corroída por inteiro sem eu menos perceber o que havia. Quando fui notar, já não havia mais alma. Agora, tento viver com o que restou dela. E restou tão pouco...

31.1.11

Estou extremamente incerto de mim mesmo. Parece que ando tropeçando em todos os meus sentimentos de um vez só. Também, estão todos espalhados no chão do meu coração.

Os Sofrimentos do Jovem Werther

Também, trato meu pobre coração como se fosse uma criança doente: dou-lhe tudo o que pede. Mas não diga a ninguém: há pessoas que não me compreenderiam.

18.1.11

Eu prefiro muito mais me afogar na minha insegurança do que me machucar fora dela.

17.1.11

Vamos paz, chegue logo que estou te esperando. Por favor, venha logo.

8.1.11

Fazia tempo que eu não tinha nós na garganta. Fazia tempo que eu não tinha vontade de chorar... Ela parece ter voltado a tona nesses ultimos dias.

6.1.11

Growing up

Laurence had just woken up when he noticed something quite queer. One of his eyes was gone. He thought it could be possibly hidden in the bed he was sleeping in, so he began to search into it. Haven't found his eyes, he stepped towards his wardrobe, opened its drawers and started unfolding all the clothes that were inside them desperately. Out of the sudden, his other eye popped out on top of the unfolded clothes that fell on the floor. No blood, no sign of wound. Just an eye popped out of its orbit. He picked the eye from the floor and started annalizing it. He found all that was going on quite queer, but kind of interesting. He just couldn't grasp, though, how his eye fell from his face and why it happened. Did it have a signification? Or was it something that just happens to everyone some time? Not having thought much, something began to bother the boy. It didn't quite hurt, but it itched. He, then, touched his face, the hollow his popped eyes have left and noticed that new eyes had grown. Laurence felt weird with his new eyes. He could look behind, something that have never happened to him before. He could remember of a memorable past. He had grown up.

26.12.10

Eu e você assim de perto dá. Pr'eu me perder de vez nas suas tintas. Me dê uma noite, um pouco da manhã... Só pr'eu sacar se os olhos mudam de cor.

Olhos vermelhos

Por ora, quis me tacar à eternidade e ao universo, apenas pelo prazer de conhecer a escuridão e ver nela, com meus próprios olhos vermelhos de tantos sentimentos, as cores que não se pode ver. Quis nadar literalmente nas trevas, quis arrancar minha roupa toda e ficar nu a sós e em paz. Meu querer foi se deteriorando na medida em que via meus olhos, aqueles vermelhos, se curarem da dor que os fiz passar. Dor, essa, que volta, sempre volta... Com ela, volta a vontade de me jogar. E flutuar nu na vazia e calada da escuridão (claro, com meus olhos inchados...)

22.12.10

Once my mom told me that cotton candy could be made of lullabies. I knew that that was impossible - how could I possibly eat something that my mother sang to me so I could sleep? I only understood what my mother wanted to say when I grew up: sweet lullabies feed our dreams.