15.2.10

Teoria da Inocência

A menina acabara de perder seus pais. Estava pálida, estática. Seus olhos haviam inchado. Por um segundo, pensei que iam explodir. Ao invés de lágrimas, escorria sangue. Doentio.
Ajoelhou-se como se jogasse seu próprio corpo em devoção a Ele. Mas Ele quem?
Agarrou uma faca que havia no chão. Examinou-a. Era-lhe familiar o objeto. Rasgou a blusa da mãe para limpar o sangue da faca. Ah, sim! Já usara a faca antes.
Deitoiu-se no chão. Deitou-se no sangue. Em um segundo, seu vestido já não era mais branco. Virou um vestido vermelho, como sempre quis. No entanto, seus pais a diziam que era uma cor doentia aquela. Mas nao seria a menina doentia?
Agora, num ato insano, beijara seus pais. E seus lábios ficaram vermlhos-sangue - que nem uma mocinha.
Fechou os olhos. Começou a se balançar para frente e para trás. Sussurrava uma canção. Uma canção de ninar qualquer. E ficou ali até apodrecer. Nunca mais se ouviu falar nela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário