1.3.10

Teoria da Morte; Eternidade; Olhar

Sentou-se em sua cadeira como o homem amargurado que sempre foi. Pensava sobre sua vida. Em toda ela. Era perceptível o motivo que havia deixado o homem rabugento daquele jeito. Tinha entre cinquenta e sessenta anos. Era um tanto jovem quanto a numeros. Contudo, em seus olhos, o homem aparentava ter mais de noventa. Um olhar gasto, porém fixo. Raramente piscava os olhos. Era determinado.
Encostou a cabeça na cadeira. Dizem que, ao morrermos, temos direito de vermos toda nossa vida, pontuar o certo e errado. O homem fechou seus olhos - tudo desequilibrava ao fazê-lo, parecia. Pensou em sua vida, não pontuando nada de errado. Ao abrir os olhos, viu um anjo. Era um anjo de olhos iguais ao do velho, apesar de nao aparentarem cansados.
Aos olhos do velho, uma cena maravilhosa que o fez acreditar que era um sonho. Desviou os olhos do anjo. O anjo desviou os olhos do velho. E direcionou seus labios aos labios do velho. Deu-o um beijo suave na boca. Foi assim que disse:
- Morte.
Pegou na mão do velho e o deu para a enternidade.

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