5.5.12

Noite do resguardo

Não sou assim - na verdade, apenas não sou; moldo-me em virtude das tuas volúpias e dos teus desejos: sei unicamente que quero ser um deles. Não tenho tripas nem entranhas - não tenho vontades nem obrigações. Não tenho coração nem veias - meu amor é teu. Tenho a ti, só a ti, ser ínfimo, infortunado e inferior - incontrolável. Olha! Olha pra mim! Sou teu - todo teu; vê!; fiz tudo isso pra que amasse só a mim, me refiz de acordo com as tuas regras. Vai valer a pena, vai valer a pena... - eu pensava - ...e se não valer a pena e eu tiver me desgastado, assim, à toa? Não importa! Importa que me faz bem tudo aqui que é em teu prol - mesmo que o frio da barriga suba na garganta e me troque da lucidez à insanidade. Pelo menos, saberei que era doença de você. Infecção - que ataca os ossos e a pele. Os ossos, pra te oferecer o cálcio duro do coração. A pele, porque, por ora, o frio é gritante. Mas não pensa que é meu parasita - claro que não! Ao menos, tenho a ti... tenho a ti... a ti...

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