9.4.12

Nu e cru

As tuas cartas de amor eu arranquei do bolso do peito; e os teus abraços eu arranquei das mangas dos braços; e o teu tesão eu arranquei daquilo que restou das calças; e a tua escória eu arranquei dos sapatados apertados.

Cá estou, tal e qual - nu e cru - acumulado dos pecados e extirpado pela imoralidade. Amargo de um amor profundo e errado. Porém sem que tu saibas que hoje estou na frente de ti consumido pela fraqueza - abraço-te, me afogo no teu leito, pois sei que estou frio sem as tuas mangas de carícias aguadas passadas.

Talvez precise de um instantinho de prosa - bater boca. Postar-me em cima dos teus focos oculares, para que me enxergues. E para que possas chegar nos lugares que nem eu jamais fui capaz de alcançar - os meus umbrais mais profundos das mais tenebrosas cavernas da minha alma (minhA Alma...). E entenderes que é impossível viver como eu essencialmente. Incontrolável...

E se eu me perder uma vez mais, não te preocupas. Estarei encascado na carapaça do meu apartamento, cantando e dançando as felicidades irreais - chame-me de louco, daí. Mas não tentes me curar - cansei de engasgar nos remédios humanos.

Mas tenhas a certeza que já amei-te chamaniosamente e arduosamente. Podes esquecer-te de mim. Dos meus filhos. Dos meus roupões. Mas disso não te esqueças - guarda no teu diário, que eu sei que ainda não rasgaste.

"Depois de te perder,
te econtro com certeza.
Talvez num tempo
da delicadeza..." (Chico)

http://www.youtube.com/watch?v=7Ezs2oSkSZw

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