6.7.12

Das pétalas

Eu falei pra ti mais de centenas de vezes como que a rosas ficam belas depois do orvalho! Parece até que choram, veja! Esta pétala aqui, do que será que sofreu esta pétala tão vívida? - talvez a perda. Perdeu esta pétala o que mais importava para ela: a abelha que outrora costumava pousar todas as tardes nesta mesma pétala para retirar da flor o saboroso pólen. Criara a pétala vínculos fortíssimos com o tal inseto, quebrados pela curta vida das abelhas. Esta outra aqui sofreu foi de doença! Todas as outras pétalas foram egoíssimas com esta - chupavam para si toda a água e deixavam-na carente de suprimentos. Aí, adoeceu, contraiu a moléstia! E urrou um pranto fortíssimo de dor - e ainda por cima chamavam-na de fraca! Ah...! Esta daqui foi a que mais sofreu de todas - foi amor. Amou uma borboleta que costumava girar em torno do corola todos os dias como jamais amara a outra criatura que ousou aproximar-se da flor. Mas as borboletas, as borboletas todos sabem!, são muito arrogantes - não aceitam mais nada que não seja "mais belo" que as próprias asas. E a pobre pétala fora rejeitada de um amor verdadeiro e insano, que a fez sofrer numa magnitude sem igual. No mais, é um lindo cálice! Não achas?! O sofrimento parece que fortalece, deixa vivo... Acontece com nós, humanos. Sofrer é o nosso poço inesgotável de forças motrizes.

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