1.4.12

Da Lua em Vênus

Embaixo daquilo que conhecemos como Lua havia um planeta - Vênus; parecia que era a Lua daquilo que se chama de Lua. Mas não era Lua, era Vênus. O Planeta. E ao contrário do que se pensava não era belo e nem amado. Era gordo e era grotesco - uma Lua daquela que se conhece por Lua horrenda e nojenta. Era-se de envergonhar... Acima dele, a Lua, Lua realmente dita Lua, minguante e convexa, imponente, brilhosa, bonita e arrogante. Tinha uma beleza apaixonante de séculos de brilho eterno. E sabe-se que os atros não são, em nenhum momento, vulgares - Vênus amava a Lua. A Lua da Lua que se chama Lua amava-a - um amor de milhões de anos-luz e cujo controle fugia às crateras de Vênus. Mas é claro que a Lua não amava Vênus - uma Lua que não amava a própria Lua. Para quê? Se a Lua era a mais bela e Vênus era horrível? E Vênus até hoje chora - e aquilo que se diz 'poeira estelar' nada mais é que as lágrimas de um amor mais doloroso que fogo de uma Lua para sua Lua. E assim fosse: a Lua envolvia Vênus. Mas Vênus não envolvia a Lua.

22.3.12

Da mediocridade

É o medo da mediocridade que me assola, Nette. Mas, pois, mesmo assim sou medíocre desde as maiores profundezas de um corpo desgastado até a ultima molecula de um fio de cabelo que espeta pra fora da cabeça. Somos todos medíocres... Medíocres! E como, me diz como, Nette, como, como posso ter medo de ser o que já sou?! Eu tenho medo de mim? De mim, Nette?! De mim?!



Acho que o desespero atracou no cais. E quando ele atraca, o mais impactante dos esforços é o mínimo para expulsá-lo...

11.3.12

POIS NÃO, NÃO SOU LOUCA. Quero que me ame desse jeito. Normal.

Não acredite em nada que estes filhos da puta que aí vem digam a ti sobre mim. Sou do partido de que o bem é o caminho da civilização e não desejo o mal a ninguém. Chamam-me louca, por isso! Tape os ouvidos pra qualquer merda que eles ousarem pronunciar - e poupe-se dos meus gritos, também, eles tendem a surdar.
- Mas que está falando, não te entendo!
Sei que também me amou, isso é inegável! Só não teve coragem de assumir porque pensou que eu fosse louca. POIS NÃO SOU, NÃO SOU LOUCA NÃO IMPORTA NEM O QUE O PAPA DIGA, eu sou normal e quero que me ame desse jeito, assim, normal!
- Mas...
Cale a boca, ouço os passos desses crápulas imundos vindo me buscar! Não deixe que eles me peguem por favor, eu imploro a sua misericórdia!
- Minha misericórdia?!
Abaixe a calça! Abaixe a calça e meta na minha boceta uma unica e ultima vez! É só isso que lhe peço, me agarre pela cintura e me beije, só pra eu poder sentir o gosto doce da tua boca - o que seria do amor profundo que eu senti por ti sem uma dose de vulgaridade? -, é só isso!
- Aí está.
NÃO, NÃO, ME SOLTEM, FILHOS DA PUTA, IMUNDOS! TRAIDORES! É ISSO QUE ESPERAM DE TODO O MUNDO?! SEUS BOSTAS! IMBECIS! DESUMANOS!

8.3.12

Da lucidez (das almas opostas, dos peitos conjugados, da estranha contradição entre o afeto e a loucura) ou Sem título - sem final, por suposto

Mas não tenha a certeza de que é lúcido. Pois a lucidez não diz respeito à normalidade dos homens. E, pois, também, não me procure nesta loucura mais-do-que-clichê, nem que nos atos mais mínimos. Não me sinta o afeto dos gatos e dos cães, muito menos os dos Romeus e Julietas. Faz-me odiar-te como se odeia a um vilão. Faz-me lúcida tanto quanto ti para arrancar-me de raiva os olhos vermelhos de insônia falsa, de sono falso, de sim estou bem falso. Já, porém, não é lúcido e louco o suficiente para que entre nos meus umbrais mais profundos onde resguardo as podridões da mais esburacada alma que encontrei nos entraves das ruas de uma cidade fedida?! Quero que continue achando que sabe me lidar, mesmo sem sabendo. Já disse que repudio-te com toda a minha força de mulher frágil. Frágil porque sei que digo que já te amei, já amei essa lucidez estéril e turbilhosa e esse peito ossudo e oco. E esse olhar afido

19.2.12

Quarta-feira de cinzas

Me lembro dos maços de cigarros fumados uns atras dos outros. E dos tragos de cachaça consumidos em milésimos de segundo. E da maconha puxada sem o intervalo entre um baseado e outro. E dos gramas de cocaína fungados como se o amanhã inexistisse. E da multidão suja levada, em massa, pelo samba frio e incoerente. E das caras, e dos peitos e dos pés grotescos dos homens grotescos. E da avenida imunda e cheirando a gozo de macho-alfa. E do meu cadáver jogado no asfalto - de nariz estourado e pulmão quase inerte. E dos súbitos de esforços pelos quais não consegui, nem por um segundo, manter-me de pé. E da lágrima seca que tentava rolar pelo meu corpo. E do cansaço. E da fadiga. E do medo. E da morte. E, pois, não adiantara de nada seguir o bloco - ainda assim voltei a ser tudo o que me afligia antes, mas com menos tempo de sê-lo.

17.2.12

Dote de puta

Agora, mas só agora, eu queria que voce me comprasse - com dote de puta. E que metesse forte na minha boceta e me fizesse sentir dor, sentir raiva e sangrar de tesão. E que essa corja de cientistas hipócritas queiram me analisar e concluir que é tudo um transtorno de personalidade e qualquer outra bosta que eles inventem pra me fazer engasgar numa única pílula de antidepressivo - FILHOS DA PUTA! Pois não entendem porra nenhuma de mim. Nem de qualquer outro homem na terra. Não sou louca, não sou depressiva. Eu só fui burra e afiada. E, pois, não fui delicada e muito menos frágil: meu ombro é largo, bonitão! Eu te encarei com esse rosto deformado, dei essa cara a tapa, que você não hesitou em espancar. E não te preocupa, garoto. Eu só quero arder pra sentir ódio de você, desse teu pau frouxo e dessa cabecinha pequeno-burguesa fútil e horizontal. Mas não pensa que foi animalesco. Ou intelectual. Ou platônico. Ou qualquer merda dessas. Foi burrice. Amor de covarde. Hipócrita. Amor de hipócrita é o que te consome. E mal sabia eu que gastei o meu alento, minha energia, meu tesão em prol de um putinho que nem falar sabia direito... Pois não se exalte, meu amor, "também vou mastigar um naco da eternidade!"

5.2.12

"Você não é igual ao teu pai"

E eu sei que nada disso tá valendo pra você. Eu sou velho, de outra época, de outra geração, com outras pessoas... Mas são as pessoas que permitem que a gente seja quem a gente é, sem tirar nem por, do jeito que a gente nasceu, que valem a pena. E mesmo com toda a filhadaputagem, com toda a hipocrisia, com toda ganância e com toda a putaria do mundo do negócio... do mundo empresarial, essas pessoas tão aí. São elas pra quem você pode chegar e falar: Puta que pariu, fiz uma cagada homérica!, que elas não vão te repreender. Vão olhar no teu olho e dizer: Então vamo lá, como eu posso te ajudar?. E é por isso que você quer ser feliz, é por isso que você quer fazer teatro. Porque você não tem medo de ser sensível e porque você tá em busca dessas pessoas que te aceitem desse jeito que você é. E teu pai era assim. Mesmo com todas as contra indicações que ele tinha pra não ser, o irmão dele, o pai, a família que ele teve, teu pai não tinha medo de ser do jeito que ele era. Você não é igual ao teu pai. Mas eu te admiro com a magnitude que eu admirava ele.

Eduardo, 05/fev/2012

11.1.12

Coerente... / Gesso é duro. E, mesmo assim, quebra quando cai

Chorando que nem um bebê. Chorando que nem um bebê fodido e abandonado. Assim que vou te encontrar se chegar na tua casa agora, não é? E, olha que irônico, você não passa de um molequinho mimadinho de sei lá quantos muitos anos e que ainda chupa o dedo quando o cu aperta. Você devia se olhar de cima a baixo. E você devia, ao menos, perceber o bosta que você é. Fortes todos temos de ser, sem que nada, repito, NADA importe. E você, ainda sim, com essa sua mentalidadezinha de "quero ser culto" acha que ser forte é endurecer. Já se perguntou por pelo menos um segundo o que é que tu faz quando se sente ameaçado? Você se tranca em si. Egoísmo, puro egoísmo! E ainda acha que se trancar vai adiantar de alguma coisa. Pf. Pra você se trancar é se endurecer. E endurecer é ser forte. Mas pois bem, gesso também é duro, não é? E mesmo assim quebra quando cai no chão. E quantas vezes eu te vi sair ileso e intacto quando "você caiu"? NENHUMA! Repito, pra me ouvir bem: NENHUMA, SEU BOSTA. E agora para e pensa, por pelo menos um segundo, se ser duro e trancado é realmente o seu ideal de força. E quero uma resposta coerente. Coerente. Coerente...

20.12.11

Umbral de 2011/Não falo em solidão. Falo em desamparo/Breve reflexão acerca deste ano que passou

E eu era todo inteiro de mim - trancado, orgulhoso... E não sofria! (ou achava que não, ou, ainda, pelo menos, me enganava direito) Sabe? Tipo, me bastava. Só que eu sou teimoso. Quis deixar vazar. Deixei minha alma, antes trancada com os mais secretos cadeados, vazar por completo. E, se ao menos tivessem cuidado dela, assistido à dor... Mas não. Deixaram-na lá, exposta à erosão e feita de comida pros vagabundos e vira-latas. Só que... por um acesso de loucura, eu quis brincar com a dor, de me envolver com ela. Eu sabia que era puro disfarce da maldita e que eu ia acabar desse jeito. Mas era bom... Foi maravilhoso, inexplicável! Até acontecer o previsto. Pois é... Guardei, então, minha alma. E, agora, sou dessas pessoas recolhidas. Não sou mais inteiro. Pelo menos (no entanto?) estou guardado. Estou bem. Se não, ficarei. Que o ano próximo traga a nós todo o amor do mundo.

4.12.11

Graziela,

Minha amiga... Talvez eu tenha negligenciado com você. Se lembra quando eu prometi que te contaria assim que eu percebesse que gostasse realmente de alguém? Pois é. Mas é que eu nunca percebi que gostava. Já fui me apaixonando desde o começo. E me veio aquela sensação de sentimento inflado que murcha depressa e eu nem dei importância. O problema é que não murchou e foi crescendo e crescendo sem que eu desse conta e sem que eu soubesse lidar. E aí, deu no que deu. Me apaixonei.

Ash

Blow this ashes! Blow them! See how they float? See how they are free from everything? Blow them again! Go ahead! Look! Look! Ashes are the only thing which is really free... Think of the idea of freedom. Then, blow the ashes one more time. It is inexplicable!

1.12.11

Love,

I am willing to forgive you. Forgive your sorrow. Forgive your pain. Forgive your bitterness. Forgive your immaturity. Forgive the sorrow you have caused me. Forgive the bitterness you have injected in me. Forgive your appologies. Forgive your ridicularity. Forgive your idiotness. If you say you love me back.

30.11.11

Minhas quimeras/As quimeras andam bravas/Quem mandou insistir nos sonhos?


Hoje, resolvi visitar minhas quimeras. Eu costumo deixá-las presas com os metais mais resistentes. Tenho medo de sentir-me vazio sem elas, caso elas fujam. Mas hoje, especialmente, elas estavam bravas. Rosnavam. Estavam insistentes na ideia de fugirem de mim. E, sabem como é, quimeras, quando fogem, são difíceis de serem pegas de volta. Elas sabem voar alto, mais alto que o próprio céu. Tive de contê-las. Uma delas me arranhou. A cicatriz não parece que vai sumir tão fácil! Talvez a culpa por toda essa raiva tenha sido minha. As quimeras estavam enormes e mal cabiam no espaço que fora designado como para elas como casa. Andei excedendo o limite de alimentos para os bichos e, daí, elas foram crescendo cada vez mais. Vai ver elas só querem um espaço maior pra poderem viver. Mas é muito dificil arranjar espaço para as quimeras. Elas são bichos estranhos que só seus donos conseguem entender. Só que elas andam bravas... Elas andam bravas e eu não consigo mais contê-las sem me machucar!

21.10.11

Te amo plenamente...!

E se eu te amo, te amo plenamente, te amo com a minha alma e com a minha paz... Você me perdoa? Me perdoa por sofrer por ti? Me perdoa por te querer comigo todo o tempo, todo o instante, cada milésimo de segundo que o sono me rouba? E se eu te amo, te amo plenamente... Você me devolve minhas lagrimas que usei em ti quando nao as quiser mais? E me devolve minhas poesias tão rasas que gastei contigo? E se eu te amo, te amo plenamente e você me odeia... Voce jura que me mata? Me assassina o interior e me traz a paz?

14.10.11

Esses nós talvez me impeçam de te amar plenamente

Eu poderia sentar na tua frente e contemplar seus olhos, ah!, que lindos olhos de mare alta... Até que eu me canse e pegue no sono pra sonhar com eles. Mas estou cego há tempos, nunca os enxergaria. Ou eu podia te abrir o meu diário, pra que tuas olheiras caíssem sobre as palavras do meu garrancho. E pra que você pudesse saber o mínimo do amor que eu sinto por você. Mas meu diário eu rasguei semana passada. Eu podia, ainda, te abraçar... Apertar o seu peito contra o meu e me afagar nos seus ombros (tão ternos...!). Mas me falta a coragem pra abrir os meus braços e te envolver.
No mais, não me resta mais o que fazer. A minha alma tem nós, muitos deles... Voce deve entender como é... Esses nós talvez me impeçam de te amar plenamente. Mas eu te amo! Eu te amo, te amo! E se, algum dia, souber do meu amor... Me avisa. Me avisa se me ama também. Ou não...