30.7.12

Eu abdico ou Tudo aquilo que me conforta

Eu abdico dos meus pecados e das minhas dores. Eu abdico dos meus valores e das minhas certezas. Eu abdico de ti. E do meu naná dos meus três anos.

27.7.12

Eu continuo amando a razão e a certeza nas tuas formas mais humanas possíveis

Eu sonhei que eu ouvia o teu peito - tão claro que podia contar a pulsação do teu corpo moço, de cabelo macio e de pau frouxo. E o teu peito inchava-se das racionalidades mais escusas e mais repletas de teorias, provas e certezas até que explodiu - e deixou cair por terra todos os teus valores, rótulos e títulos e todas as tuas ideologias, faixas e bandanas. E que sobrou apenas o teu seio respaldado de princípios insólitos e tímidos, vergonhosos e verdadeiros, imorais e sublimes. Mas estes não demoram a cavar cada milímetro do pensamento - o impossível é contrariar a vontade (ou a ti mesmo!...). Só que não há estrada entre a verdade e o subconsciente - eu continuo amando a razão e a certeza nas tuas formas mais humanas possíveis. - Seremos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos (paráfrase do célebre "O Pequeno Príncipe", de Saint-Exupéry).

23.7.12

Dentre fel, amor, e insanidade a paz dos olhos de um único alguém

Você ainda vai foder com o teu corpo, eu dizia, e ele me respondia com ar de quero que todo o mundo vá tomar no cu e me deixe procurar a paz da maneira dita mais escusa e que nem mesmo ao amor foi-lhe possível a serenidade "pois amar deveria me lançar no lago profundo de calmaria e nem mesmo isso esse mundo filho de uma puta me deu então deixa eu fumar quantos cigarros eu achar necessário pra deixar de sentir o meu sangue passar pelo meu coração e eu esquecer que eu amei amei amei amei amei" e que não era a monstruosidade do teu corpo e sim da tua alma que assustavam quase louco e quem nunca na vida devorou com paixão tudo aquilo que lhe foi oferecido "paixão é que é como um pouco de fome" e então ele vomitou dentre fel, amor, e insanidade a paz dos olhos de um único alguém "e que me culpo, às vezes, por ser um só".

7.7.12

Mãe,

Eu sou teu único filho e dizem todas as bocas imundas que eu deveria te proteger - sabemos, pois, que esta premissa é uma inverdade. Protege-me tu como jamais eu poderia e saberia te proteger. Mas sinto que estou mais pra lá do que pra cá, embora eu sinta nos poços da minha alma que eu deveria estar aqui. Não quero deixar a casa vazia e pia entupida de louças e amargura. Não es amarga, com a certeza absoluta de que não es. Tu sofreste como ninguém desde que o nosso pai se foi. Apenas tenho medo, sabe. Tenho medo de te jogar no mundo e deixar-te cair no lago do café sem o açúcar.

6.7.12

Das pétalas

Eu falei pra ti mais de centenas de vezes como que a rosas ficam belas depois do orvalho! Parece até que choram, veja! Esta pétala aqui, do que será que sofreu esta pétala tão vívida? - talvez a perda. Perdeu esta pétala o que mais importava para ela: a abelha que outrora costumava pousar todas as tardes nesta mesma pétala para retirar da flor o saboroso pólen. Criara a pétala vínculos fortíssimos com o tal inseto, quebrados pela curta vida das abelhas. Esta outra aqui sofreu foi de doença! Todas as outras pétalas foram egoíssimas com esta - chupavam para si toda a água e deixavam-na carente de suprimentos. Aí, adoeceu, contraiu a moléstia! E urrou um pranto fortíssimo de dor - e ainda por cima chamavam-na de fraca! Ah...! Esta daqui foi a que mais sofreu de todas - foi amor. Amou uma borboleta que costumava girar em torno do corola todos os dias como jamais amara a outra criatura que ousou aproximar-se da flor. Mas as borboletas, as borboletas todos sabem!, são muito arrogantes - não aceitam mais nada que não seja "mais belo" que as próprias asas. E a pobre pétala fora rejeitada de um amor verdadeiro e insano, que a fez sofrer numa magnitude sem igual. No mais, é um lindo cálice! Não achas?! O sofrimento parece que fortalece, deixa vivo... Acontece com nós, humanos. Sofrer é o nosso poço inesgotável de forças motrizes.

4.7.12

Estas coroas... Chutei todas elas para fora! Não gosto da ideia do ouro nos arredores do meu aconchego: interessa muito àqueles que os olhos brilham.

29.6.12

Acredita: sou puro...

Mas ora, não foi o comício das feras que me ditara a amar. Amo porque é inerente à minha humanidade - e falo aqui, na tua cara, cuspindo nos teus pêlos, que eu te amo pra caralho. E não interprete o amor como uma simples banalidade - uma coisa apenas que as feras me ensinaram é que nenhum tipo de amor é imoral, já que isto te importa. Eu amo puro e amo a pureza. Mas sabe o que eu queria? Queria teu peito: os pêlos do teu peito pressionados no meu e ouvir o teu coração. Sei que ele bate forte e claro, é vigoroso e jovem! Mas sei que achas que, apesar dos apesares, eu que sou a grande fera, porque devoro sem deixar rastros e sentimentos. Só que eu mesmo fui devorado outrora sem ao menos escarrar na boca que me beijava, como posso ser eu fera?! E se fora, ama-me assim! Acredita: sou puro...

27.6.12

La cama, el espejo y el corazón se quedán vacíos...

Vazio feito manga e pipoca comida. Resta o gosto na boca - e esse é o prazer de ter o amor que acabou sempre por perto, como o anjo da guarda. E resta o fiapo no dente, só que esse fiapo é a dor incômoda e dolorida, que é o insuportável de alguém que foi um pedaço do coração outrora.

23.6.12

Ébrio

... e eu só vim aqui te falar merda porque eu achei que você fosse diferente. tipo, a única usando camiseta lisa enquanto todo mundo usava estampada e caótica. e sabe como dizem - a camiseta traduz uma sociedade inteira então chamar a nossa de caótica não é errado. é o caos da putridão, Lorena!, cada qual na própria briga tosca pela próxima carne fresca. cercaram, uma geração inteira cercada - e não venha me convencer de que somos todos livres! livres de escolha, pf, livres de opção, pf, livres de amor, pf, tudo à puta que pariu esse mundo de merda! olha. olha a bosta da minha mão e me diz o que que você acha - pois é! roí todas as minhas unhas em espaços de segundos, Lorena!, - o poder inexorável dos caninos humanos! E eu roí as unhas de amor, mas amor por quem quer mastigar a casca e cuspir fora. Eu senti medo, Lorena! E o medo, ah...!, o medo é a epifania da vontade! Não te faz todo o sentido?! Faz! Faz sim. É bom saber que um puto na terra entende o que eu quero dizer! Mas eu vou continuar amando, Lorena. E vou amar até a quem não ama - o amor é a grande solução que todo filho da puta fodido do mundo quer achar.

21.5.12

A eternidade/Solstício

Um bolo, do disforme ao conforme - farinha, leite, fermento. E café, que o amargo e o terrível tocaram-na saborosamente. Ou uma massa homogênea, sem significado ou significância - ânsia de um refluxo. O vômito. Assim sentia-se Ana, a contradição convicta de mulher forte, e que muralha era a mulher! E era enorme e era incerta e vivia embebida na era de incertezas. E nem a psicanálise, nem o mais sábio dos Merlins pôde, de fato, conhecê-la. Um dia, Joana, seu eu-alma, seu lupus, em noite de lua minguante ascendeu à eternidade e abraçou-se à Lua feito um par. E a noite era fria, era fria e era solstício. Mas para a Ana terrena, a noite foi ainda mais longa - foi eterna! Não havia morrido, tampouco definhava - apenas trocara Joana pelo antidepressivo, mas como, Ah!, como estancar a crise hemorrágica com uma única pílula?! Não era possível e aí, hoje e para sempre - jorra Ana(,) a eternidade.

5.5.12

Noite do resguardo

Não sou assim - na verdade, apenas não sou; moldo-me em virtude das tuas volúpias e dos teus desejos: sei unicamente que quero ser um deles. Não tenho tripas nem entranhas - não tenho vontades nem obrigações. Não tenho coração nem veias - meu amor é teu. Tenho a ti, só a ti, ser ínfimo, infortunado e inferior - incontrolável. Olha! Olha pra mim! Sou teu - todo teu; vê!; fiz tudo isso pra que amasse só a mim, me refiz de acordo com as tuas regras. Vai valer a pena, vai valer a pena... - eu pensava - ...e se não valer a pena e eu tiver me desgastado, assim, à toa? Não importa! Importa que me faz bem tudo aqui que é em teu prol - mesmo que o frio da barriga suba na garganta e me troque da lucidez à insanidade. Pelo menos, saberei que era doença de você. Infecção - que ataca os ossos e a pele. Os ossos, pra te oferecer o cálcio duro do coração. A pele, porque, por ora, o frio é gritante. Mas não pensa que é meu parasita - claro que não! Ao menos, tenho a ti... tenho a ti... a ti...

1.5.12

Estas são as marcas de O VERDADEIRO AMOR, Juliana!

Estas são as marcas de O VERDADEIRO AMOR, Juliana!, esta merda com a qual o ser humano teima em se meter. É tudo ilusão, Juliana, tudo ilusão, afinal, quem é que tem a liberdade de amar? de pensar? de escolher? Ninguém, ninguém tem, deveria dizer. Mas eu não tenho medo de estufar o peito, estufar o peito e dizer que EU SOU FRACO, EU TE AMO. pronto. Sou fraco pois te amo, sou fraco portanto te amo, te amo portanto sou fraco. Franco talvez seria omitir os fatos, mas que eu posso fazer, Juliana, se eu não me permito calar a porra da boca e sentar a porra da bunda? E não me venha com ladainhas me dizer que eu não deveria me cortar desse jeito - é só que eu peguei a navalha e eu era a coisa mais perto que eu encontrei e... Além disso ninguem mais tem culpa de eu ser assim, pra que descontar nos outros? Os outros... Os outros é que se fodam, Juliana, eu to preocupado em salvar o meu cu e encontrar a minha paz! Quando eu conseguir plenitudear o meu amor, aí sim, que eu vou ter paz "e a vida vai ser tranquila, feliz e harmoniosa". E os outros também conseguem, no céu, nos umbrais, no campo energético, seja onde for, cada alma penada tem o seu espacinho de paz e de pendurar os cabides. A bosta, Juliana, é que todo mundo quer ter paz aqui e agora e não estou negando que também não queira - eu quero e quero muito. Mas se chama mesmo paz escolher os amores a dedo, Juliana?! Tipo, não quero preto porque é fedido, não quero gordo porque é feio, não quero homem porque quero mulher, é isso que a gente chama de paz?! [Quero dizer, estou contando apenas aqueles que ainda acreditam que se pode amar, porque se não, vixe...] Eu retiro dos meus padrõezinhos toda a "ralé" e fico com o que? Com muito pouco ou quase nada, só se for, Juliana, não é possível! Mas sabe, eu quero que minha viagem até o céu chegue logo, também. Imagina só como deve ser, Ju, o ser humano ter que deixar de tocar - tudo aquilo que ele aprendeu e construiu a humanidade inteira sendo destruído por um simples acidente de carro! Imagina, Ju, imagina! Imagina como deve ser subir, sublimar, e mandar um belo foda-se pra tudo o que aconteceu! E olhar de cima, Ju, olhar de cima! E ter, conseguir enfim alcançar a paz, imagina como deve ser! E poder sem remorso perdoar a terra, perdoar os pecados, perdoar os homens! Imagina, Ju...! Ju, quero morrer. Quero morrer logo. Mas, antes, quero viver. E quero viver logo!

21.4.12

Primeira parte (I - Do prólogo [Lúcido]) Pois esta caneta não risca mais nos papéis dos meus diários - talvez os papéis as rejeitem; porque de tantos que já arranquei já quase destruo meus pensamentos; é incrível como desestruturar um simples caderno pode ser uma reação em cadeia - sinto que minha vontade tem se degradado cada vez mais e mais do que é possível pr'um simples ser humano conseguir carregar. Afinal, humanos não somos mais e já deixamos de o ser desde que o homem se disse homem e de que o rei se disse rei. Pois conseguiram uma vezinha na vida de vocês amar a outra coisa que não tuas calças feito Byron? E como se nem a Byron o era alcançável?!, então não somos seres e muito menos humanos não amamos e tampouco usamos os instintos - quer dizer, instintos temos mas não aqueles naturais e seletivos, selecionamos quem quisermos que morra. Segunda parte (II - Do miolo [ausente de sanidade]) EU QUERO OUVIR DA BOCA DE VOCÊS! DE VOCÊS MESMOS, DE VOCÊS IMUNDOS E SUJOS E CURRALADOS me diga você meu senhor oh nobre senhor não me leve a mal mas olhe aqui nestes meus olhos mesmos ou no que o senhor poderia julgar como um grande saco de bosta olhe e me diga QUANDO QUE O SENHOR DONO DESTE CU DE CÚPULA PÔDE PENSAR POR SI MESMO E DITAR A TI O QUE QUERIA DE VERDADE ora não me levem a mal apenas quero dizerlhes a verdade ora meus nobres senhores não me levem a mal por favor...

9.4.12

Nu e cru

As tuas cartas de amor eu arranquei do bolso do peito; e os teus abraços eu arranquei das mangas dos braços; e o teu tesão eu arranquei daquilo que restou das calças; e a tua escória eu arranquei dos sapatados apertados.

Cá estou, tal e qual - nu e cru - acumulado dos pecados e extirpado pela imoralidade. Amargo de um amor profundo e errado. Porém sem que tu saibas que hoje estou na frente de ti consumido pela fraqueza - abraço-te, me afogo no teu leito, pois sei que estou frio sem as tuas mangas de carícias aguadas passadas.

Talvez precise de um instantinho de prosa - bater boca. Postar-me em cima dos teus focos oculares, para que me enxergues. E para que possas chegar nos lugares que nem eu jamais fui capaz de alcançar - os meus umbrais mais profundos das mais tenebrosas cavernas da minha alma (minhA Alma...). E entenderes que é impossível viver como eu essencialmente. Incontrolável...

E se eu me perder uma vez mais, não te preocupas. Estarei encascado na carapaça do meu apartamento, cantando e dançando as felicidades irreais - chame-me de louco, daí. Mas não tentes me curar - cansei de engasgar nos remédios humanos.

Mas tenhas a certeza que já amei-te chamaniosamente e arduosamente. Podes esquecer-te de mim. Dos meus filhos. Dos meus roupões. Mas disso não te esqueças - guarda no teu diário, que eu sei que ainda não rasgaste.

"Depois de te perder,
te econtro com certeza.
Talvez num tempo
da delicadeza..." (Chico)

http://www.youtube.com/watch?v=7Ezs2oSkSZw

7.4.12

Pois sede em passe de um momento de inércia
e o momentum logo após a rouquidão de secura e loucura.

E oro a Exu,
Exu meu pai!,
que me livre dos meus internos mais mórbidos e sórdidos.
E peço a Oxosse,
Oxosse meu pai!,
e a Iansã,
Iansã minha mãe!,
que me protejam dos mais fundos umbrais do meu imaginário.
Quisera eu ser guerreira
guerreira que nem minha mãe,
Iansã minha mãe!,
e quisera eu ser forte, forte de peito firme e fosco, pois fodido e fadado...
E estou aqui de joelhos juntos juntando forças pra pedir a vós, meus pais
Proteje meus filhos, mãe Iemanjá,
Iemanjá, minha mãe!,
Proteje meus irmãos, pai Xangô,
Xangô, meu pai!,
E olha meus companheiros, senhor Oxalá,
Oxalá, meu senhor!,

Axé, Axé. Axé a tutti.
Daqui me vou, daqui me vou.

Olha por mim, pai Xangô,
que é difícil de aguentar.
Me desculpa, mãe Iemanjá,
cuida da minha irmã.
E me protege, me protege pai Oxosse
e mãe Iansã.